[dropcap size=big]É[/dropcap] confuso, admito. A nova “bomba” da Canon, a 5DS (e a 5DR), não deixa de esconder, receio, algum desnorte da marca. É feio falar das coisas sem as experimentar, mas confesso que não estou a perceber onde se pretende chegar com este modelo. O comunicado de imprensa é vago: a grande proeza são os mais de 50 milhões de pixéis. E a ser verdade que o preço, com a lente anunciada para o kit, poderá ultrapassar em Portugal os quatro mil euros, está-se a apontar para que público-alvo?
A história desta gama da Canon começou com a 5DII – a rápida solução que escondeu o fracasso da Canon 5D, que se vendeu tão pouco que nem séries limitadas (mas sem querer). Uma câmara inovadora, a DSLR que nunca se tinha feito, com um sensor nobre e com uma gama de dinâmicos que superou todas as expectativas. Uma máquina que não só batia todos os pontos em fotografia como apresentava um novo mundo, o do vídeo cinemático com tudo o que é preciso para o fazer. Em pouco tempo, a 5DII começou quase a ser mais conhecida pelas suas capacidades de vídeo do que fotográficas, sendo rapidamente adotada pela indústria cinematográfica independente e low cost. Até que o grande rival, Nikon, lançou a série d800…
Não basta aos fabricantes atualizarem as suas câmaras de três em três anos. É também preciso saberem o que realmente querem do mercado. Espero que a Canon não perca o comboio de 2015, porque o grande rival, a Nikon, tem estado nos apeadeiros certos.